domingo, 12 de junho de 2011

Soneto de fidelidade


De tudo, ao meu amor serei atento 
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
 
Que mesmo em face do maior encanto
 
Dele se encante mais meu pensamento
 

Quero vivê-lo em cada vão momento
 
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
 
E rir meu riso e derramar meu pranto
 
Ao seu pesar ou seu contentamento
 

E assim quando mais tarde me procure
 
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
 
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
 
Que não seja imortal, posto que é chama
 
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinicius de Moraes)

(Imagem: panoramio.com)

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