“Isto de escrever versos
de amor é das coisas mais difíceis que há. Impossível não descambar para o
lugar-comum. Je dis des mots toujours les
mêmes... confessa o próprio autor de Toi
et moi.
E depois, meu Deus,
acontece sempre uma senhora que pergunta pra gente:
– Quem é ela?
Claro
que não é ninguém. A não ser os poetas de arrabalde não há quem faça versos
para “ela”. Existe a contínua disponibilidade de amor, é claro, e aparecem umas
que outras “elas” que ocasionalmente se guardam nesse sentimento do poeta como
um papel pega-moscas.
E
acontece que o poeta faz um dia um poema. Para quem? Para ninguém e para todas.
E
desconfio muito de que, no geral das vezes, sucede como naquela peça de Lope de
Veja, em que um protagonista pergunta a outro:
– Por quem choras?
– Por ninguém. Eu choro de
puro amor.”
(Trecho
de Porta giratória, de Mário Quintana)
(Imagem:
produto.mercadolivre.com.br)
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