segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fragmento de "Porta giratória" - Mário Quintana


“Isto de escrever versos de amor é das coisas mais difíceis que há. Impossível não descambar para o lugar-comum. Je dis des mots toujours les mêmes... confessa o próprio autor de Toi et moi.
E depois, meu Deus, acontece sempre uma senhora que pergunta pra gente:
Quem é ela?
Claro que não é ninguém. A não ser os poetas de arrabalde não há quem faça versos para “ela”. Existe a contínua disponibilidade de amor, é claro, e aparecem umas que outras “elas” que ocasionalmente se guardam nesse sentimento do poeta como um papel pega-moscas.
E acontece que o poeta faz um dia um poema. Para quem? Para ninguém e para todas.
E desconfio muito de que, no geral das vezes, sucede como naquela peça de Lope de Veja, em que um protagonista pergunta a outro:
Por quem choras?
Por ninguém. Eu choro de puro amor.”
(Trecho de Porta giratória, de Mário Quintana)
(Imagem: produto.mercadolivre.com.br)

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