Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,
os sítios escuros onde nasce o ‘de’, o ‘aliás’,
o ‘o’, o ‘porém’ e o ‘que’, esta incompreensível
muleta que me apóia.
Quem entender a linguagem entende Deus
cujo filho é Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,
foi inventa para ser calada.
Em momento de graça, infrequentíssimos,
Se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mãe.
Puro susto e terror.
(Adélia Prado)
(Imagem: arenadascronicas.blogspot.com)
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