Não preciso ser flor para dela falar, mas
preciso ser você para hoje me definir.
Quando olho para você me vejo
então com quinze anos e o coração
que fortemente balança o peito
abriga um sentimento que luto
em não querer aceitar.
Sofro a antecipação do que sei de outrora.
Tempos idos que não foram bem
vindos quando tudo em dor se fez.
Hoje talvez me arrisque menos por
saber quão forte é a ilusão que
se perde no fim.
Quando tudo se acaba ou simplesmente
fica no meio do caminho.
Não nego a minha história de amores
cultivados na esperança viva de um
acerto que jamais veio.
Apenas me reservo na angústia de uma
resposta que procuro ao olhar seu
rosto, perceber sua alma, tentar
descobrir os mistérios que
envolvem seu coração.
Bebo o seu sorriso como se fosse
a última gota a existir para
saciar a minha sede de juventude.
Talvez deva eu me conformar apenas
com a sua imagem que vejo
refletida em mim como um espelho.
Assim sigo fazendo uso dessas
letras, tentando absorver você
dentro desse sentimento que procuro
ocultar, mas que não resiste
à sua marcante presença.
Rita Venâncio
(Imagem: imotion.com.br)
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