Ao termo da espiral que disfarça o caminho
com espadanas de fonte, e ao peso do concreto
de vinte pavimentos, a loja subterrânea
expõe os seus tesouros como se defendesse
de fomes apressadas.
Ao nível do tumulto de rodas e de pés,
não se decifra a oculta sinfonia de letras
e cores enlaçadas no silêncio dos livros
abertos em gravura.
Aquário de aquarelas, mosaicos, bronzes,
nus, arabescos de Klee, piscina onde flutuam
sistemas e delírios mansos de filósofos,
sentido e sem-sentido das ciências e artes
de viver: a quem sabe mergulhar numa página,
o trampolim se oferta.
de vinte pavimentos, a loja subterrânea
expõe os seus tesouros como se defendesse
de fomes apressadas.
Ao nível do tumulto de rodas e de pés,
não se decifra a oculta sinfonia de letras
e cores enlaçadas no silêncio dos livros
abertos em gravura.
Aquário de aquarelas, mosaicos, bronzes,
nus, arabescos de Klee, piscina onde flutuam
sistemas e delírios mansos de filósofos,
sentido e sem-sentido das ciências e artes
de viver: a quem sabe mergulhar numa página,
o trampolim se oferta.
A vida chega aqui filtrada em pensamento
que não fere; no enlevo tátil-visual de idéias
reveladas na trama do papel e que afloram
aladamente dançam quatro metros abaixo
do solo e das angústias o seu balé de essências
para o leitor liberto.
Carlos Drummond de Andrade (Poema em homenagem à Livraria Leonardo da Vinci)
In: As impurezas do branco
Editora Record, Rio de Janeiro
Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond
(Imagem: visaointegral.blogspot.com))
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