sábado, 30 de julho de 2011

Rosas plantadas no peito


A menina tinha
rosas plantadas no peito
e lá iam beija-flores.

Rita Venâncio.
(Imagem: listas.terra.com.br)

    Poética oração


    Menina, de joelhos,
    colhe flores amarelas.
    Poética oração.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: mosaicos-cida.blogspot.com)

    Doce sensação


    Na ponta dos pés a
    menina colhe maçãs.
    Doce sensação.

    Rita Venâncio.

    Tempo de oração


    Na paz do mosteiro
    o silêncio quebranta a alma.
    Tempo de oração.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: mjfs.spaceblog.com.br)

    Peixes azuis


    Havia peixes azuis
    na flor d `água de teus olhos.
    No tempo das lágrimas.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: flickr.com)

    Chuva de verão


    Pássaro recolhe as
    asas e procura abrigo.
    Chuva de verão.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: arcadoconhecimento.blogspot.com)

    Belo espetáculo


    Bailarinas correm
    pela rua movimentada.
    Um belo espetáculo.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: sinfonicas.blogspot.com)

    Brancas margaridas


    Brancas margaridas
    florescem no verde campo.
    Pétalas dispersas.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: jubiart.com.br)

    Acrobacias no ar


    No sol da manhã,
    atento, um beija-flor faz
    acrobacias no ar.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: melhorpapeldeparede.com)

    Suave percepção


    Uma flor lilás
    abre as pétalas ao sol.
    Suave percepção.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: momentoseolhares.blogs.sapo.pt)

    Na ponta da língua


    Na ponta da língua
    o sabor doce do mel.
    Um néctar dos deuses.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: incubadorapatos.com.br)

    A vitória-régia


    A vitória-régia
    repousa, suave, no lago.
    Majestade aquática.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: kboing.com.br)

    Bela distração


    Alheio ao movimento o
    pássaro pousa no asfalto.
    Bela distração.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: martaesergio.com.br)

    Resquícios da flor


    Resquícios da flor
    nas asas da borboleta.
    Polinização.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: denisetolentino.blogspot.com)

    Em meu coração


    Em meu coração o
    desejo de liberdade.
    Numa gaiola, pássaros.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: home-boxer.blogspot.com)

    A flor matizada


    A flor matizada
    esparge doce perfume.
    Aroma do campo.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: getdomainvids.com)

    Anjo em movimento


    A criança, descalça,
    corre pelo chão de terra.
    Anjo em movimento.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: pintandoosetecomavida.blogspot.com)

    Mar de tulipas


    Até onde os meus olhos
    vagueiam a paisagem é
    um mar de tulipas.

    Rita Venâncio.
    (Imagem: gisela-mywedding.blogspot.com)

      Palavra insurgente


      Desacato o verso
      com a rebeldia da rima.
      Palavra insurgente.

      Rita Venâncio.
      (Imagem: peregrinacultural.wordpress.com)

      Asas de palavras


      Belas borboletas de
      papel saem do livro aberto.
      Asas de palavras.

      Rita Venâncio.
      (Imagem:  quintaneandoeoutrosgerundios.blogspot.com)

        No encontro das águas


        No encontro das águas o
        doce do rio e o sal do mar
        recordam teu beijo.

        Rita Venâncio.
        (Imagem: recantodasletras.com.br)

        Na cinzenta tarde


        Na cinzenta tarde
        que cai sobre mim a tua
        lembrança ainda dói.

        Rita Venâncio.
        (Imagem: apenasnoseasnossasaventuras.blogspot.com)

        O resto é saudade


        O que dói em mim é o
        silêncio de tuas palavras.
        O resto é saudade.

        Rita Venâncio.
        (Imagem: mendesamanda.blogspot.com)

          O galo entoa seu canto


          Na fria madrugada
          que se aproxima de mim o
          galo entoa seu canto.

          Rita Venâncio.
          (Imagem: djibnet.com)

          Na fotografia


          Na fotografia
          esquecida sobre a mesa o
          que restou de ti.

          Rita Venâncio.
          (Imagem: blog.cronicanet.com.br)

          sexta-feira, 29 de julho de 2011

          A ilusão perdida


          A ilusão perdida adormece quieta e
          solitária nas dobras
          doloridas da alma.
          Como se o dia findasse a luz
          opaca de meus olhos que vertem
          silenciosas lágrimas agridoces,
          ansiando somente a clareza
          da noite insone.
          Tua lembrança arde em meus olhos
          vermelhos, mais ainda no peito
          ferido que verte gotas de sangue.
          Procuro por ti nas tardes solitárias
          ouvindo Chico e lendo Vinicius.
          Restam-me apenas música e poesia.
          Penso em Orfeu e Eurídice, na
          trágica história de amor que aqui
          vira referência para
          acalentar a minha mágoa.
          Não preciso do silêncio para
          escrever esse poema.
          Tua lembrança me basta.

          Rita Venâncio
          (Imagem: andreiacorre.blogspot.com)

          A estátua do poeta


          A estátua do poeta,
          imóvel em Copacabana,
          como imóveis os meus
          sentimentos, a
          minha poesia.
          É Drummond que
          assiste à passagem
          do tempo,
          imóvel dentro
          da cidade móvel.

          Rita Venâncio
          (Imagem: flavors.me)

          quinta-feira, 28 de julho de 2011

          A realidade e a imagem


          O arranha-céu sobe no ar puro lavado pela chuva
          E desce refletido na poça de lama do prédio.
          Entre a realidade e a imagem, no chão seco que as separa,
          Quatro pombas passeiam.

          (Manuel Bandeira)
          (Imagem: flickr.com)

          Poema do beco


          Que importa a paisagem, a Glória, a baía, a linha do horizonte?
          - O que eu vejo é o beco.

          (Manuel Bandeira)
          (Imagem: prosimetron.blogspot.com)

          Poema de circunstância


          Onde estão os meus verdes?
          Os meus azuis?
          O Arranha-Céu comeu!
          E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos tiranossauros,
          Que mais sei eu...
          Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha-céus!
          Daqui
          Do fundo
          Das suas goelas,
          Só vemos o céu, estreitamente, através de suas gargantas ressecas.
          Para que lhes serviu beberem tanta luz?!
          Defronte
          À janela onde trabalho
          Há uma grande árvore...
          Mas já estão gestando um monstro de permeio!
          Sim, uma grande árvore...
          Enquanto há verde,
          Pastai, pastai, olhos meus...
          Uma grande árvore muito verde...Ah!
          Todos os meus olhares
          São de adeus
          Como o último olhar de um condenado!

          (Mário Quintana)
          (Imagem: Mordillo - latitudeselongitudes.blogspot.com)

            Soneto do amor total


            Amo-te tanto, meu amor... não cante
            O humano coração com mais verdade...
            Amo-te como amigo e como amante
            Numa sempre diversa realidade.

            Amo-te afim, de um calmo amor prestante
            E te amo além, presente na saudade
            Amo-te, enfim, com grande liberdade
            Dentro da eternidade e a cada instante.

            Amo-te como um bicho, simplesmente
            De um amor sem mistério e sem virtude
            Com um desejo maciço e permanente.

            E de te amar assim, muito e amiúde
            É que um dia em teu corpo de repente
            Hei de morrer de amar mais do que pude.

            (Vinicius de Moraes)
            (Imagem: docecantinho.blogs.sapo.pt)

            Canção do vento e da minha vida


            O vento varria as folhas,
            O vento varria os frutos,
            O vento varria as flores...
            E a minha vida ficava
            Cada vez mais cheia
            De frutos, de flores, de folhas.

            O vento varria as luzes
            O vento varria as músicas,
            O vento varria os aromas...
            E a minha vida ficava
            Cada vez mais cheia
            De aromas, de estrelas, de cânticos.

            O vento varria os sonhos
            E varria as amizades...
            O vento varria as mulheres...
            E a minha vida ficava
            Cada vez mais cheia
            De afetos e de mulheres.

            O vento varria os meses
            E varria os teus sorrisos...
            O vento varria tudo!
            E a minha vida ficava
            Cada vez mais cheia
            De tudo.

            (Manuel Bandeira)
            (Imagem: fotoseimagens.etc.br)